quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Polinização manual livra melancia crioula de genes de variedade forrageira


No Semiárido brasileiro, é tradicional em grande número de pequenas propriedades o plantio das melancias, chamadas popularmente de crioulas, que são próprias para o consumo das famílias dos agricultores. Contudo, a recente expansão do cultivo de melancia forrageira nessas mesmas áreas, para compor a base de alimentação dos rebanhos na seca, está criando um sério problema genético.


De acordo com a pesquisadora Rita de Cássia Souza Dias, a atividade polinizadora de insetos como as abelhas nas flores dos dois cultivos acabam levando genes dominantes das forrageiras para as crioulas. O resultado é a geração de frutos híbridos com características próprias das melancias destinadas ao consumo dos animais: de casca amarelada, polpas mais amargas e duras.

Segundo Rita Dias, esta alteração é cada vez mais comum, principalmente por causa dos cultivos numa mesma área dos dois tipos de melancia, e foi apontada a ela pelos próprios agricultores. As sementes que retiravam da primeira colheita das cultivares que consumiam, ao usar em novo plantio, produziam frutos híbridos com características próprias das melancias destinadas aos animais.

Na Feira SemiáridoShow, a pesquisadora apresenta uma solução que é simples, barata e acessível aos agricultores para evitar a contaminação genética entre as variedades. Ela e sua equipe estão demonstrando um modo de fazer uma polinização manual controlada, que já usa em suas pesquisas e foi adaptada para o sistema produtivo agroecológico. O objetivo é manter as sementes da melancia crioula livres da influência de características forrageiras.

O método é simples: o agricultor fixa uma garrafa pet cortada ao meio e com pequenos furos no fundo do vasilhame, a uma pequena estaca; depois, o agricultor cobre as flores masculinas e femininas das melancias crioulas com esse objeto. A pesquisadora afirma que ele deve proceder assim um dia antes da abertura delas, o que acontece até 32 dias depois do plantio.

No dia seguinte, quando as flores se abrem, o agricultor retira com as mãos a flor que fornece o pólen e encosta levemente nas pétalas femininas. Após isso, torna a cobrir por mais dois dias a flor geradora do fruto, cuja base é mais arredondada.

Rita de Cássia explica que o agricultor pode aplicar esse mecanismo em até dez pares de flores. Assim, no próximo plantio, terá sementes livres da influência de genes forrageiros.

“Se métodos como esse não forem aplicados, corre-se o risco das famílias se obrigarem a recorrer às variedades comerciais das melancias de mesa, mais exigentes de adubos e insumos químicos que encarecem a produção”, observa a pesquisadora.

Características - A melancia forrageira, de nome científico Citrullus lanatus var. citroides, também conhecida como melancia de cavalo ou melancia de porco, apresenta grande resistência à seca e é facilmente cultivada e bem aceita pelos ruminantes. “Pode-se colher até 20 toneladas por hectare”, informa o zootecnista e pesquisador da Embrapa, Gherman de Araújo.

A melancia de mesa, Citrullus lanatus, é uma fruta rica em sais minerais como fósforo, ferro e cálcio, além de fonte de vitaminas dos complexos B, A e C. Devido à grande quantidade de água, atua como um bom diurético no corpo humano.

Contatos:

Rita de Cássia Souza Dias – pesquisadora;

ritadias@cpatsa.embrapa.br


João Marques – jornalista;

comunic.aguadoce@cpatsa.embrapa.br


Fernanda Birolo – jornalista;

fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br


Marcelino Ribeiro – jornalista;

marcelrn@cpatsa.embrapa.br


Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711

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