sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Programa garante sustentabilidade para famílias agricultoras

Tecnologia tem impacto na melhoria da produção e da qualidade de vida

O Programa P1+2 está se constituindo como instrumento de promoção da segurança alimentar e nutricional para agricultores e agricultoras no Semiárido. A garantia de uma terra para cultivar e duas cisternas que acumulam água das chuvas para uso no consumo doméstico e plantio de hortas, tem impacto na melhoria da qualidade de vida das famílias e, também, no desenvolvimento rural da região.

Na Feira SemiáridoShow 2011, o potencial da tecnologia pode ser observado em um pequeno pomar formado por espécies frutíferas (manga, goiaba, mamão, limão) irrigadas com a água de uma as cisternas. Manejar um recurso hídrico que é escasso e conseguir produzir frutas e hortaliças em condições de sequeiro evidencia a capacidade do Programa em fazer recuar índices como o da desnutrição no Semiárido brasileiro.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Semiárido, Luiza Teixeira de Lima Brito, o P1+2 é uma solução eficiente para dois sérios problemas da região semiárida: a irregularidade de chuvas e a carência de alimentos entre milhares de famílias.

“Como o agricultor lida com períodos inconstantes de chuvas, ele pode usar umas das tecnologias componentes desse programa para reduzir o déficit de água, que são: a cisterna-calçadão, a barragem subterrânea, tanque de pedra ou caldeirão ou a bomba d’água popular. Deste modo, garante a produção de alimentos o ano todo”, explica.

De acordo com Luiza Brito, o programa foi criado em 1999 de forma conjunta pela Embrapa, a Articulação no Semiárido (ASA) e o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). A Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva (ABCMAC), por sua vez, foi responsável pela execução do projeto demonstrativo do Programa.

O P1+2 foi inspirado em uma experiência desenvolvida na China. No Brasil, os estudos já realizados e em andamento em instituições de pesquisa e assistência técnica, e a defesa feita pelo movimento social nas áreas rurais do Nordeste, se juntam em torno de esforços para alçar o programa uma política pública assumida pelos governos federal, dos estados e dos municípios e com ampla participação da sociedade.

A apresentação na Feira do SemiáridoShow ajuda a divulgar e mobilizar os agricultores e agricultoras para expandir os benefícios desse programa por todo o Semiárido, afirma a pesquisadora.
Segundo Ademilson Rocha (Tiziu), da Comissão Executiva da ASA-BA e Coordenador Geral do IRPAA, 400 mil famílias já têm acesso ao P1+2. E o que se pode ver é que “as pessoas não necessitam mais colocar uma lata d’água na cabeça, principalmente as mulheres”, lembra.

Para Ademilson, o P1+2 não tem apenas a finalidade de construir cisternas. É também uma forma de repensar a própria situação dos agricultores e agricultoras. “Existe um debate sobre que Semiárido queremos, porque as famílias têm a oportunidade de ter orgulho, de ter dignidade. Não sentem vergonha ao dizer que vivem nessa região. As pessoas que puseram em prática a Convivência com o Semiárido têm outra visão do lugar em que vivem”, garante.

O P1+2 é um programa que agrega o saber popular e o conhecimento técnico-científico produzido nas universidades, centros de pesquisa e organizações. Na sigla, o numeral 1 significa terra para produção de alimentos. O 2 corresponde a duas cisternas para armazenamento de dois tipos de água: uma para consumo humano e outra para a agricultura.

Seleção e Cadastramento

Um dos critérios do P1+2 é atender famílias que já foram beneficiadas com o Programa Um Milhão de Cisternas. A Unidade Gestora Territorial (UGT) é quem se responsabiliza pela mobilização, seleção e cadastramento das famílias com os seguintes perfis:

- Famílias que possuam cisternas de água para consumo humano;
- Mulheres chefes de família;
- Famílias com crianças de 0 a 6 anos de idade;
- Adultos com idade igual ou superior a 65 anos;
- Pessoas com deficiência.

Mais informações:

O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. A feira é uma realização da Embrapa e IRPAA.

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